sábado, 23 de agosto de 2008

Resistência, força ou teimosia?


Por que temos que ser fortes? Por que aprendemos que não podemos chorar? Por que temos que resistir bravamente às coisas que nos acontecem? Por que guardar nossos sentimentos? E por que nos sentimos envergonhados em reconhecer nossos erros, ou até mesmo ao pedir desculpas?

Concordo que precisamos ser fortes. Ter opinião formada a respeito do nosso caminho de vida e de nossos valores, mas nem sempre devemos opor resistência às coisas que nos acontecem e às atitudes das pessoas. Simplesmente porque não podemos resistir às coisas que não dependem de nossa vontade. Muitas vezes situações acontecem sem que tenhamos o menor controle. Outras vezes ainda são as pessoas que tomam atitudes que são contra a nossa vontade, mas que se opusermos resistência fica ainda pior. Mas, por orgulho, ou porque achamos que temos razão e o outro não, resistimos, queremos ter a última palavra e fazer valer a nossa opinião...

Aprendi que muitas situações se resolvem por si mesmas. Aprendi também que por mais que tentemos educar, corrigir, coibir ações dos outros, não mudamos as pessoas. Cada um tem um tempo, um aprendizado e um caminho na vida. Às vezes esses caminhos e essas pessoas cruzam conosco e enquanto precisamos por alguma Lei Maior permanecer juntos, assim ficamos; mas em outros casos é necessário um afastamento para o crescimento de ambos. E aí adianta resistir?

Tentar reatar um relacionamento? Perdoar novamente erros que se repetem num caminho sem fim tentando sempre mudar o outro? Ou será que uma atitude assim não seria apenas teimosia de nossa parte?

Os Mestres ensinam que precisamos aprender a perder para ganhar. A lei da não-resistência, maravilhosamente empreendida por Mahatma Gandhi, exaltava essa incrível capacidade humana de não resistir ao mal. Porque a resistência gera um novo mal, um desejo de vingança, um impulso de corrigir o outro que nunca acaba. Nosso ego quer sempre ter a última palavra e quase sempre odiamos ser repreendidos mesmo quando sabemos que não temos razão. Dificilmente, alguém aceita uma crítica, mesmo no trabalho. Em muitos momentos somos tão infantis que levamos tudo para o lado pessoal e transformamos num drama situações que poderiam ser facilmente superadas.

Mahatma Gandhi sabia que se resistisse seria uma luta sem fim que acarretaria a morte de milhares de inocentes. E assim ele venceu o império inglês e libertou a Índia. Exemplos como o dele não devem ser esquecidos porque podemos fazer o mesmo em nossa vida. Podemos tentar aceitar que o mundo das pessoas à nossa volta pode ser diferente do nosso, mesmo sendo criados numa mesma família ou compartilhando o mesmo teto num casamento. Cada um continua tendo a sua individualidade e quando o espírito ainda se encontra pouco desperto o ego grita e afasta as pessoas.

Assim, amigo leitor, sugiro que para ter uma vida mais feliz pense na aceitação, no poder da não-resistência. Pense que esse é um grande aprendizado que deve ser colocado em prática por todos aqueles que têm uma compreensão espiritual mais profunda e que entendem que precisamos vencer as aparências e deixar a vida fluir.
Boa sorte para todos nós.
Por Maria Silvia Orlovas

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Arrisque...

Quantas vezes você já deu uma resposta automática a um convite levando em conta experiências anteriores das quais se lembrava?
E quantas vezes deixou de fazer coisas só porque já classificou aquilo entre as coisas que não são boas... e que você não gosta?

Já notaram como escolhemos as coisas pelas experiências que passamos e nos esquecemos de um pequeno detalhe que faz toda a diferença. Nada se repete exatamente da mesma maneira nem uma única vez... Mudamos nós... mudam as pessoas... mudam as energias de cada dia... e muda a combinação de todos esses fatores...

O tempo flui ininterruptamente trazendo a cada dia energias únicas, e que combinadas com nossos momentos podem fazer com que a mesma experiência que foi ruim em um dia seja boa no outro e vice-versa.

Por que será que insistimos tanto em repetir o “bom” e em repelir o “ruim” e nunca... ou quase nunca nos lembramos que o que foi bom ou ruim foi a combinação do nosso estado de ser com aquele determinado dia, com determinada configuração de fatos e de pessoas que fizeram aquelas experiências inesquecíveis ou... dignas de serem completamente apagadas... Tentar repetir situações e evitar outras nos faz perder a maior parte do presente da vida.

Com a nossa mania de querer garantias quase nunca nos permitimos experimentar o novo que vem em cada dia... e muito menos dar uma chance a nossa intuição... ao caminho do coração.

Em vez disso... a qualquer convite do dia já respondemos automaticamente levando em conta nosso infindável arquivo de experiências passadas que, consciente ou inconscientemente, continuam filtrando as nossas escolhas.

Às vezes fico pensando que a cada dia deveríamos arriscar dar um salto no desconhecido...

Abandonar tudo que sabemos que gostamos ou não... e experimentarmos coisas como se as tivéssemos conhecendo pela primeira vez... sem o crivo da razão e, tendo como guia o coração... seguir caminhos que sejam indicados, mesmo que isso represente fazer coisas que nunca imaginamos poderíamos fazer.

Na realidade, sempre vivemos tudo pela primeira vez se levarmos em conta toda a combinação de energias únicas de cada momento... mas a nossa disposição de acreditar que aquilo é uma repetição... que foi boa ou ruim... nos faz perder essa oportunidade mágica... dia após dia... ano após ano... E assim a vida corre plena de possibilidades que passam por nossos olhos... filtradas por óculos de velhas experiências e crenças que não nos deixam enxergar o fluir do novo...

Uma gama enorme de possibilidades está ao nosso alcance e nos nem percebemos...

Já pensou entrar em um novo dia... e, quando chegar a hora de escolher o que vai fazer, você se esquecesse do que gosta e do que não gosta e se deixasse guiar pela intuição... Experimentar olhar com olhos diferentes para tudo, se abrindo para os sinais do Universo...

Trocar o caminho já tão percorrido... que nossas memórias guardam, por caminhos abertos por uma pessoa nova... que tem coragem de seguir o coração e ir com Ele até o fim...

O Universo se comunica com a gente o tempo todo... nós é que às vezes damos pouco espaço para ouvir o que Ele está nos falando... porque já temos todas as respostas prontas no subconsciente.

Quem nunca se surpreendeu ao ir a um lugar que não queria, porque sabia que não gostava e, meio forçado teve que ir e acabou gostando muito?

Eu já... assim como também já repeti muitas coisas só porque gostei muito...e não consegui mais encontrar aquele sabor que me fez colocar aquelas coisas entre as que gosto.

Será que conseguiríamos viver sem essas intermináveis listas do que gostamos ou não e teríamos coragem de dar uma chance para estar desprevenidos diante de um novo dia... Desprevenidos mesmo... como se tivéssemos uma amnésia passageira e pudéssemos usar, como bússola para nos guiar, somente a nossa intuição.

Talvez o novo que tanto esperamos já esteja aí e nós não o experimentamos porque estamos presos ainda a toda essa carga que nos faz escolher as coisas pelo passado...

A chave está em nossas mãos... o novo está diante de nós... por que não arriscar?
Por Rubia A. Dantés

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Autenticidade


No mundo massificado em que vivemos, tudo conspira para que nos movamos de acordo com as normas e padrões impostos pelo exterior, pois, desse modo, as chances de não sermos marginalizados e rejeitados serão maiores.

O oposto disso é cultivar a autenticidade, manter-se fiel ao seu próprio ser, guiar-se pelo que sua consciência e seu coração lhe sopram suavemente a cada momento. Pagamos um preço muitas vezes alto, quando optamos por esse padrão de atitude. Nem sempre seremos aceitos e compreendidos.

Entretanto, nada pode nos dar mais prazer e alegria interior. Quando nos mantemos fiéis à nossa própria natureza, passamos a atrair, naturalmente, pessoas e situações em sintonia com essa nova forma de agir e descobrimos o prazer de conviver sem ter de estar, o tempo todo, preocupados em agradar os outros para nos sentirmos socialmente inseridos.

Muitas pessoas confundem autenticidade com o direito de fazer tudo o que desejam, ou dizer tudo o que pensam sem se preocupar se estão prejudicando ou magoando outras pessoas. Ser autêntico é seguir o próprio coração, mas jamais perder de vista o respeito pelos sentimentos alheios.

Libertar-se das máscaras que fomos condicionados a vestir na convivência social e até mesmo nos relacionamentos íntimos, é o primeiro passo para que aprendamos a viver uma vida autêntica, sendo fiéis aos nossos sentimentos e à nossa verdade interior.

O critério é sempre examinar nosso coeficiente de felicidade. Quanto mais distantes estivermos do que nosso coração deseja, menor ele será.
Por Elisabeth Cavalcante